quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Debate real

Ultimamente temos visto, por parte do auto-denominado Frederico, comentários atacando pessoalmente membros do MCI. Gostaria de deixar claro que não faz parte de nossa linha de movimento fazer ataques pessoais (especialmente quando se é impossível saber a que pessoa dirige-se o ataque, como é o caso do fake Frederico) e promover debates sobre valores individuais. Queremos aqui engrandecer o debate político, cultural, social, ambiental e tudo que seja relevante de fato.

Juvenil são ataques pessoais. Não fazemos isso, especialmente quando falamos por um pretenso movimento.

Esse post, portanto, contém um apelo para que tal cidadão abandone seu nome de guerra e apresente-se para um debate real com os membros desse movimento acerca tão somente das problemáticas apresentadas aqui, nada mais.

Sugerimos, para facilitar a resposta do auto-denominado Frederico, que ele contra-argumente o texto "Resposta ao nosso amigo Frederico". Porém, pedimos que dessa vez ele (ou ela) o faça com as próprias palavras e opiniões.

Grato,
Alexandre Branco - alebrancop@gmail.com

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Conflitos na USP

Olá, pessoal.

Já faz tempo. Hoje escrevo como estudante da USP, contribuindo com meu depoimento para que essa discussão prossiga. Desde já, peço desculpas, para o caso de não me fazer de todo compreendido. Não sei se meus argumentos são bons ou ruins, ou se tenho bom senso ao proferi-los, e, francamente, isso é irrelevante. Para começar, não se definem argumentos como bons ou ruins, e não se julgam pessoas usando como justificativa o bom senso que, achamos, temos e alguém não tem. Existem argumentos, existe o convencimento, e a dicotomia e o etnocentrismo irrefreado não têm lugar aqui. E, na minha opinião, é justamente por isso que a USP está em greve, assiste a piquetes, a confrontos armados, a conflitos latentes em suas próprias entranhas.

Os funcionários da Universidade entraram em greve. O movimento foi legítimo, válido, e contempla o direito a todos assegurado por nossa Carta Magna há quase 21 anos. Os estudantes também possuíam suas críticas e exigências, relativas a uma ampla série de objetos. Meu objetivo aqui não é discutir as pautas de reivindicações, mas sim a maneira como essas pautas têm sido reivindicadas.

No dia 9 de junho, a Força Tática da Polícia Militar do Estado de São Paulo entrou em confronto com estudantes, funcionários e docentes da USP. Algumas pessoas foram detidas, várias foram feridas, e todas ficaram chocadas. A Universidade é um ambiente incompatível com a violência (embora TODOS os ambientes sejam incompatíveis com a violência, coisa que muitos esqueceram enquanto repudiavam odiosamente a presença da PM), e os eventos daquela terça-feira cinzenta transformaram a greve numa situação muito mais delicada, muito mais complexa, muito mais difícil. Analisemos, pois, o cenário político, frente a frente.

A postura da Reitoria em meio a essa situação é... lamentável. A reitora não parece possuir a sensibilidade inerente ao cargo que ocupa, em termos políticos. É necessário virtù, tanto quanto fortuna. Em meio a piquetes, protestos, gritos e palavras de ordem agressivas e arrogantes, não se devolve na mesma moeda, simplesmente porque isso é ingenuidade. Todo um legado de conhecimento político e diplomático tem sido incansavelmente ignorado, e isso incansavelmente torna a reitora uma figura criticada e odiada pela comunidade (da USP).

O governador do Estado de São Paulo, sim, ignora seu passado como estudante, como lutador em busca da liberdade... mas, noutros argumentos, ele (pensa que) age de maneira astuta e virtuosa: doa a quem doer, a opinião pública (de fora da USP) o verá como o herói que salvou o mundo dos baderneiros malvados. Ora, poupe-me. O governador administra a situação na Universidade sem um mínimo de habilidade, assim como a reitora: manda uns soldados, eles estouram umas bombas, alguns gritos aqui e ali, e tudo fica bem. O Governo do Estado não tem demonstrado capacidade de negociação, autoridade e maturidade, quando se trata de negociar com manifestantes.

Estes últimos não sabem o que fazem. Perdem-se em gritos e palavras padronizadas (Fora PM do Câmpus, Fora Reitora, Fora Governador), atitudes que teriam sido revolucionárias há 40 anos. Os estudantes ora se mostram irresponsáveis, ora se mostram deveras preocupados com sua carreira (política). Muitos dos funcionários recorrem a maneiras radicalmente antidemocráticas de manifestação, sob prerrogativas duvidosas e argumentos falhos, e alguns docentes entram na dança.

Mas os grandes conflitos entranham-se nos grupos e permanecem latentes, eventualmente transbordando em piquetes e confrontos com a PM. A Universidade está dividida entre os pró-greve e os outros. São muitas discordâncias, muitas brigas. E aqui assumo uma posição, em meio a isso.

Os manifestantes reacionários (sim, exatamente) têm direito à greve, a protestos, à liberdade de opinião e de expressão, mas nem por isso podem impedir aqueles (tão livres quanto estes) que não se identificam com a pauta de reivindicações, ou simplesmente com o meio pelo qual tais reivindicações são manifestadas, de frequentarem aulas ou adentrarem o ambiente de trabalho. Piquetes, "cadeiraço", fechamento dos portões da Cidade Universitária... todo um aparato coercitivo é colocado em ação para que aqueles, cuja opinião não concorde com a dos grevistas, sejam forçados a discutir, forçados a pensar como estes, forçados a se juntarem às manifestações... acontece que ninguém acaba sendo forçado, pois o efeito natural e imediato do piquete é muito simples: quem não concorda, vai embora. Só se pode concluir que os manifestantes (que lutam por democracia) não são democráticos.

Temos então que o movimento sindical e o estudantil, na Universidade, são, sim, reacionários, e não os contrários (como eu) à maneira como as reivindicações têm sido conduzidas. O que vem a ser uma pessoa 'reacionária'? É aquela que se manifesta integralmente contrária às ideias de transformação da sociedade (segundo o Dicionário Escolar da Academia Brasileira de Letras). O mundo se transformou. Há 40 anos, os meios eficazes para a mobilização eram os piquetes, os "cadeiraços", os manifestos pichados nas paredes, os grandes cartazes curtos e grossos... eram tempos em que não havia liberdade. A forma eficaz para atacar um sistema ditatorial que atacava com força e opressão era, certamente, força e impulso no sentido contrário. Mas hoje, não. Hoje, há liberdade de expressão e de comportamento. Hoje, as pessoas são livres para entrar em greve (e também para não entrar). Agir com violência é ignorar décadas de luta durante o regime militar, durante as últimas dezenas de décadas. Agir com violência é ignorar os direitos humanos, a diplomacia, o valor da discussão calcada em argumentos racionais. Agir com violência na luta por democracia é agir com incoerência e hipocrisia.

As pessoas que não aderiram à greve têm seus motivos para tal, e não vão aderir a esse movimento enquanto forem alvo de atitudes violentas. Elas podem, sim, aderir à greve, se convencidas a tal. Não se convence uma pessoa a agir de determinada forma na base da porrada, da proibição, da instituição de um poder que decide por ela se é permitido assistir a uma aula ou comparecer ao expediente do dia. É preciso habilidade, compreensão mútua, tolerância, argumentação racional, negociação. E é por isso que não concordo com o movimento pró-greve da USP: eles não têm demonstrado saber o que fazem para conquistar seus objetivos (novamente, afirmo: aqui não discuto os fins, mas sim os meios. Não sou contrário à pauta de reivindicações do Sindicato dos Trabalhadores da USP, mas sim à sua política de não saber fazer política).

O que não me faz favorável à postura assumida pela Reitoria ou pelo Governo do Estado. A reitora se mostrou inapta a negociar, o que necessariamente nos faz refletir o que ela espera de seu próprio legado. Liderança, hoje, não é liderar um grupo radical que vence com base na força, mas sim um grupo que vence com base no convencimento de seus adversários, na formação de alianças e vínculos positivos entre diferentes grupos de interesse, pois isso é diplomacia, e a diplomacia é a forma adequada de se fazer política em tempos de liberdade (não, não adianta gritar que a revolução proletária é hoje e que a tirania da maioria é a forma boa de se governar, pois isso não é mais uma possibilidade). E o que a reitora tem feito é meramente liderar um grupo radical, formado por uns poucos apoiadores, que veem a atuação violenta da PM como solução para seus probleminhas.

O que fazer em meio a dois polos radicais, que se recusam a negociar de maneira racional, e colocam em risco a segurança de toda a comunidade da USP, a todo o tempo? Fugir? Essa tem sido a atitude da maioria omissa, e isso deve ser mudado. Ora, eu tenho sido omisso até poucos dias atrás, e quero ver a Universidade como um ambiente propício ao livre pensamento, à livre expressão do conhecimento, e que de fato essa liberdade seja exercida sem poréns. Conclamo a maioria omissa a sair do armário (parafraseando Dawkins e sua turma) e lutar pelo direito de todos sermos livres e exercermos nossos direitos estabelecidos em sua plenitude. Nem o movimento estudantil e sindical e nem a Reitoria podem nos sujeitar a um toque de recolher implacável.

Agora, para que se solucione a greve, alguém tem que ceder. Que sejam ambos os lados, de preferência, e aqui estaremos para auxiliar e garantir, sempre, a prevalência da liberdade e da democracia, seja na Universidade, seja no País, seja em todas as Nações.

Não há fórmula mágica para a democracia. O que há é a conscientização, a cidadania inclusiva, e é a partir da atuação palpável dos núcleos de base (já tratados neste blog) que isso é possível. Só a sociedade civil organizada, independentemente de suas instituições políticas e coercitivas, pode realizar as transformações de que tanto precisa. Seja feito isso na USP e em todos os cantos onde houver pessoas.

Mudando o recorte... já passou da hora de revermos as estruturas da vanguarda do movimento estudantil que "nos representa". Fica a dica.
Este texto foi enviado por Samuel Ralize de Godoy, estudante de Graduação em Ciências Sociais na FFLCH-USP. Aguardamos sua contribuição para este debate! Envie seus textos, seus argumentos, suas reflexões, vamos transformar a realidade agora mesmo! cidadaniainclusiva@gmail.com

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Ocupação da USP.

Hoje não escreverei em nome do movimento. Assinarei o texto, inclusive, demonstrando que tudo o que disser aqui é pensamento e responsabilidade minha. Meu nome é Alexandre Branco Pereira.

Acompanho chocado os fatos que se desenrolam com os companheiros da USP. Pra começo de conversa, lidamos com uma instituição de ensino que parece ainda herdar as velhas manias dos reitores da época da ditadura. A USP recorrentemente tem aparecido na grande mídia e na mídia independente pelas atitudes antidemocráticas que tem tomado, como expulsão de alunos por motivos políticos e repressão a movimentos sociais do interior da universidade. Mas nada se compara ao recente acontecimento.

Segundo relatos feitos à mim, os companheiros de luta da USP, dessa vez, estavam revoltados com a demissão de um líder sindical dos servidores. Estudantes, combativos e rebeldes, acabaram tomando suas dores. E assim deu-se uma ligeira ocupação da reitoria, barricadas, piquetes e uma série de manifestações em nome de uma causa que, convenhamos, não é das mais importantes. A falta de um dos líderes não acaba com o movimento dos colegas servidores, importantíssimos dentro do processo de luta na comunidade universitária, podendo até ser chamado de injustiça a mobilização de duas categorias inteiras em torno de um só nome.

Mas os recentes acontecimentos apagam essa falta de razão dos estudantes e servidores. Nada pode servir de desculpa para a maneira como a reitoria da USP agiu. Sua reitora, comprovadamente em outras ocasiões antidemocrática, chamou a Polícia Militar (isso mesmo, o braço armado do Estado, conhecido pela sua forma violenta de repressão) para ocupar o campus da universidade. O que, por si só, poderia ser um ato comparavel a 1968 na UnB, ou as diversas outras ocupações de campus universitários pelo aparato militar durante a ditadura, foi agravado quando, durante uma manifestação que relatam ter sido COMPLETAMENTE PACÍFICA, a reitora encomendou ao governador José Serra o Choque da PM.

Já sabemos que os governos do PSDB não primam pela democracia (vide manifestações contra a privatização da Vale do Rio Doce). Toda e qualquer opinião professada contra seus interesses torna-se motivo para a repressão sem escrúpulos por parte de seus governos. O engraçado é que, nos dois exemplos, falamos de ícones da luta contra a ditadura e a repressão, citando Fernando Henrique Cardoso, exilado no Chile e depois na França e José Serra, ex-presidente da UNE combativa, também exilado pela ditadura militar. É de uma incoerência monstro que eles se portem de maneira tão vil contra a manifestação democrática e pacífica de movimentos sociais, ainda que, como já disse aqui, não fosse o caso de tamanho estardalhaço. O governo José Serra, e sua reitora-fantoche perderam total e completamente a razão agora de se portar contra o movimento dos companheiros da USP e não me surpreenderá caso os estudantes, servidores e, quem sabe, professores, endurecerem também.

Abaixo segue o link para acessar um texto enviado a mim pelo companheiro Samuel Ralize de Godoy, estudante de Ciências Sociais da USP, que contém o relato de um professor da universidade sobre como ocorreu a repressão:

http://cidadaniainclusiva.org/page_1239209220270.html

Por isso, repudio veementemente o governo José Serra. Já é hora de tal governo passar a exercer um regime democrático, a praticar a tolerância às opiniões políticas diversas às dele e colocar a Universidade de São Paulo no patamar que lhe é de direito, sem que isso acarrete em bombas ou pauladas.


Alexandre Branco Pereira.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Núcleo de São Paulo se reúne

Olá, pessoal! No próximo sábado, 9/5, às 15h, o núcleo de São Paulo se reunirá para um novo debate. O encontro vai ocorrer no Centro Cultural São Paulo, na rua Vergueiro (ao lado da estação Vergueiro da linha 1-Azul do Metrô).
Por enquanto, recomendamos que os participantes da reunião leiam o conteúdo do blog, principalmente os tópicos marcados como "discussão" e "apresentação" (os marcadores estão na coluna da direita, aqui no blog, para facilitar o acesso a essas postagens), para que tenham uma ideia mais concreta da nossa motivação. Quanto ao que já foi construído até agora, recomendamos que leiam os tópicos marcados como "ação".
Esperamos a participação de todos! Em caso de dúvidas, entrem em contato com o MCI por email (cidadaniainclusiva@gmail.com) ou mesmo por comentários ao blog. O resultado da discussão será divulgado por aqui. Até lá!

domingo, 26 de abril de 2009

Resposta ao nosso amigo Frederico.

Em comentário recente ao texto "Debate na Ceilândia", Frederico, um assíduo comentador aqui do blog, apresentou, embora inconclusivamente, um excelente ponto de vista acerca de nossa posição crítica e oposta à maneira como foi conduzida a mobilização social do movimento Fora, Collor!. Estamos aqui, pois, tentando reafirmar uma posição e explicar de maneira mais clara como vemos tal assunto para que se entenda que nossa crítica não é direcionada aos que saíram às ruas, pois esses desempenharam papel exemplar quando o fizeram. Esse texto é destinado a mostrar como o movimento Fora, Collor! foi, em primeiro lugar, sim, conduzido por forças partidárias, que manobraram uma força de indignação popular comum que a sociedade compartilhava à época para satisfazer seus interesses políticos menos nobres; para isso, nada mais óbvio que provar que os movimentos sociais que encabeçaram a mobilização pelo impeachment eram (e continuam sendo) aparelhados pelos partidos políticos. Em seguida, destinaremos um espaço para recordarmos nossa tese de diferenciação entre pressão social e movimentos sociais. Concluiremos, enfim, retribuindo a provocação de debate do nosso colega Frederico, e pediremos que nosso colega Pecuarista volte a postar para que saibamos o que ele tinha a dizer. Comecemos, então!

Provas concretas de que os partidos políticos estavam presentes em massa dentro das manifestações não são, de forma alguma, difíceis de achar. Eu mesmo tenho um panfleto de convocação para uma passeata do Fora, Collor!, na cidade de Uberaba/MG, organizada pelo Sindicato dos Bancários e assinado por este, pelo PT, PDT, PSDB, PCdoB, PCB, PPS... mas não é necessário ter provas históricas assim. A Internet está aí pra isso. Para facilitar o trabalho, pesquisei algumas coisas, que não impede vocês mesmos de irem atrás posteriormente. Eis o que achei:

http://www.youtube.com/watch?v=xL4poBI9zxU




São fotos bem claras. Dizer que "os estudantes faziam questão de rechaçar a participação de partidos políticos. Era um sinal claro de que os partidos não davam conta das reivindicações.", portanto, é faltar com a verdade. Primeiro, porque não eram só estudantes, existiam trabalhadores, como vemos a CGT, a CUT e outros sindicatos diversos presentes. Segundo, porque é obscena a afirmação que se rechacava a presença dos partidos, que muitas vezes, como o próprio colega Frederico afirma quando diz que Lula convoca as manifestações, organizava as passeatas. Não afirmamos aqui que os partidos não podem se manifestar, eles têm militância para isso. Mas dizer que eles não estavam lá, organizando, inflando, puxando grito, ou simplesmente presentes, como a professora negou, é mentir. Pergunte para a professora, novamente, quem discursava à frente do MASP, ao cabo das manifestações... com certeza, não eram estudantes apartidários.

Enfim, passemos a outra etapa do texto, provada a presença dos partidos no movimento de impeachment. Concordamos que estar presente não é o ponto de crítica. O que discordamos é que os movimentos sociais, aparelhados por partidos políticos, utilizam-se de uma catarse social, uma insatisfação social que ocorre durante um período para formar uma massa de manobra que só atende aos seus interesses eleitoreiros. Quando a UNE, num exemplo simplório, está sendo comandada pelo PCdoB, ela não está mais pelos direitos dos estudantes, mas sim pelos interesses do partido político que a comanda. No Fora, Collor! esse também foi o mote dos partidos políticos, e também de outras forças insatisfeitas. Os partidos que não tiveram seu naco de poder à época das eleições de 1989, ou que se indispuseram com o ex-presidente no meio do caminho, aproveitaram-se dessa grande onda de insatisfação social, desse grande anseio por uma política mais justa, dessa indignação generalizada causada por um período recente de abertura democrática e resolveram se aproveitar disso. Unindo o útil ao agradável, chamaram, todos eles, o povo às ruas. Queriam Collor fora do poder, e seria mais fácil que o povo fizesse o trabalho sujo. E o povo, como tinha de ser, atendeu, tamanha era sua indignação.

Não devemos nos iludir. Independentemente do partido, por mais à esquerda que ele se posicione, o povo nas ruas sempre é um perigo. Por isso que não é algo desejável que isso se torne um hábito. Logo após a catarse do Fora, Collor! houve, em todo movimento social, uma redução de atividade, e, em todo partido, um certo fechamento para o mundo. O mundo tinha que voltar ao normal, as pessoas tinham de voltar às suas casas. Até porque, eles (sim, eles mesmos, aqueles que subiram nos palanques, tão indignados quanto nós com o sacana do Fernando Collor) sabiam que, se quisessem prosseguir, um dia poderia ser a cabeça deles que estaria a prêmio. Assim foi com FHC, que esteve no Fora, Collor!, e as manifestações populares das privatizações (arquitetadas pelo PT), assim foi com Lula, que também esteve no Fora, Collor!, e as não manifestações populares da época do Mensalão, porque todos os movimentos sociais se calaram.

O ponto é que o povo nas ruas só interessa ao povo. E essa é a tarefa que o MCI se impõe. Pressão social constante. Enquanto os movimentos sociais não pertencerem ao povo, o povo não terá soberania, nem poder para combater os outros três Poderes que já são aparelhados pelos partidos políticos (sim, por que estão assustados? Acham mesmo que o Judiciário seja independente?). Não devemos esperar por heróis. Devemos, sim, ser agentes de nossa própria história. Já se têm três poderes em mãos alheias: os movimentos sociais têm de ser nossos, do povo.

E a provocação que eu gostaria de fazer ao colega Frederico é que, apesar de constantemente defender a permanência dos partidos políticos dentro dos movimentos sociais, incrivelmente as pessoas se apressam de maneira surpreendente para dizer que este ou aquele movimento em específico é, ou foi, apartidário. Você consegue ver o porquê dessa ambiguidade? Aguardamos sua resposta.

Gostaríamos que tal discussão não ficasse apenas entre o Frederico e nós do MCI. Participem, interajam, produzam! Um abraço.

sábado, 25 de abril de 2009

Debate na Ceilândia.

Como anunciamos dias atrás, hoje foi o dia da visita de GOG à Ceilândia. O debate durou cerca de uma hora e meia e foi extremamente proveitoso. Assim que compilarmos todo o conteúdo das discussões (que perpassou a situação política do país, a crise econômica mundial, movimentos culturais brasileiros e internacionais [GOG é membro do Conselho Nacional de Cultura], em especial o hip-hop, cotas para negros nas universidades brasileiras e a questão racial como um todo e pequenas pontuações sobre movimentos sociais, além de convocações constantes para que todos ajam), publicaremos aqui para que todos tenham contato com as reflexões dos estudantes do Cursinho Comunitário e do poeta do rap.

Continuem acompanhando!

quarta-feira, 22 de abril de 2009

GOG na Ceilândia 2.

Combinadíssimo: GOG confirmou presença na Casa Brasil Ceilândia, local de surgimento de nosso primeiro núcleo de base. Sua tarefa, como já explicado, será discutir com a galera do cursinho comunitário sua visão de mundo, sua trajetória de vida, dialogando isso com a visão comum, com os pontos em que encontramos interseção com a vida de quem está na Ceilândia. Como também já dissemos, nossa tarefa será pensar a Ceilândia e pensar o mundo, para que possamos agir sobre ele e modificá-lo a nosso favor, através da ação de base.

Confirmando: no dia 25/4 GOG estará na Ceilândia, na CNN 01 - Bloco E, Ceilândia Centro, na Casa Brasil Ceilândia às 14h30.

Após a visita de GOG, publicaremos o que foi discutido com ele, aqui no blog. Compareçam, discutam e, depois, fiquem de olho!

terça-feira, 21 de abril de 2009

GOG na Ceilândia.

O rapper GOG, nascido e crescido na Ceilândia e hoje nacionalmente conhecido por suas músicas, aceitou convite para bater um papo com o pessoal do cursinho pré-vestibular comunitário, onde surgiu o primeiro núcleo do MCI no Distrito Federal. Ainda sem data marcada, estamos discutindo com a produção do GOG a possibilidade de esse encontro ocorrer no próximo sábado, dia 25/4.

Conhecido não só pela sua fama de poeta do rap, GOG é um ativista político de primeiro escalão, e o encontro com o pessoal da Ceilândia se tratará disso. Discutir sua trajetória, sua visão de mundo e ouvir o que o pessoal de lá tem a dizer sobre a cidade e seus problemas. Pensar o mundo, começando por pensar a Ceilândia, será a tarefa do próximo sábado, se tudo der certo, para que possamos agir e mudar a realidade cruel que se apresenta diante de nós.

Assim que houver uma confirmação entre o MCI e a produção do GOG, voltaremos a publicar aqui no blog. Fiquem atentos!


Com vocês, Brasil com "P", de GOG:

Pesquisa publicada prova:
Preferencialmente preto
Pobre prostituta pra polícia prender.
Pare, pense: por quê?
Prossigo.
Pelas periferias praticam perversidades
PM's.
Pelos palanques políticos prometem, prometem...
Pura palhaçada.
Proveito próprio.
Praias, programas, piscinas, palmas!
Pra periferia:
Pânico, pólvora, pá, pá, pá!
Primeira página.
Preço pago:
Pescoço, peitos, pulmões perfurados.
Parece pouco?
Pedro Paulo,
Profissão: pedreiro.
Passatempo predileto:
Pandeiro.
Preso portando pó, passou pelos piores pesadelos.
Presídio, porões, problemas pessoais
Psicológicos. Perdeu parceiros, passado presente.
Pais, parentes, principais pertences.
PC: Político privilegiado, preso, parecia piada.
Pagou propina pro plantão policial.
Passou pelo porta principal.
Posso parecer psicopata,
Pivô pra perseguição
Prevejo populares portando pistolas,
Pronunciando palavrões
Promotores públicos pedindo prisões,
Pecado. Pena? Prisão perpétua.
Palavras pronunciadas
Pelo poeta, irmão...

quinta-feira, 16 de abril de 2009

O MCI e a Revolução

Saudações! Desde que nosso blog entrou em operação, além, é claro, do próprio Movimento pela Cidadania Inclusiva, enunciamos princípios e ideais que, frequentemente, trouxeram novos debates, novas discussões, novas reflexões. Essa é nossa primeira vitória. Mas um movimento que procura, o tempo todo, reinventar a si mesmo e à sociedade, tem a necessidade de esclarecer sua posição política, ideológica e palpável no mundo.
Com o objetivo de trazer esses esclarecimentos e novos debates, e apoiados nos tópicos até agora tratados, tanto no blog, quanto através de emails e discussões desenvolvidas pelos núcleos de base já ativos, publicamos agora este texto, buscando tornar mais concreta uma ideia que, para muitos de nós, tem parecido muito abstrata ou mesmo indefinida.
Construir um movimento social requer, ao menos, uma prerrogativa: estar insatisfeito com algo. E estar insatisfeito com algo é marcar uma posição. Nossa epígrafe anuncia o caráter do Movimento, um movimento social de esquerda, que se alinha aos ideais de equidade, justiça social e democracia. Contudo, qual movimento, qual partido, qual união de classe não proclama as mesmas ideias, os mesmos horizontes? Qual movimento social de esquerda não propõe a Revolução?
Esse é o momento de definir o MCI e seu modo de ação. Somos um movimento de esquerda (uma esquerda que se definiu por suas insatisfações e por seus ideais, sem a ideia de segregação, divisão da sociedade ou mesmo anomia), que pretende se erguer a partir da base, sem queimar etapas. Núcleo a núcleo, sendo cada um destes formado por indivíduos (e nunca negando isso), valorizando a contribuição de cada indivíduo para seu núcleo e de cada núcleo para o conjunto destes, evitamos a tentativa (tão comum a vários movimentos sociais) de compor, de imediato, um coletivo forte.
Pouco a pouco, portanto, com núcleos crescendo e atuando, o Movimento se contrói. Muito mais fácil perder o entusiasmo e a esperança, não? Esse é um dos maiores desafios que se impõem ao MCI: manter a luta.
E propomos uma Revolução. Não um evento pontual, mas um processo incessante que, dia a dia, a partir da ação de cada núcleo em cada localidade, transforme a realidade em seus mais diversos aspectos (a economia, o meio ambiente, a educação, a cultura, a política...), pois entendemos a Revolução Social não como uma substituição de um modelo político-econômico por outro em dado momento: a Revolução Social que propomos é uma completa e incessante reinvenção do que se entende por sociedade. Toda a política, toda a economia, toda a cultura se transforma, se refaz, se reconstrói, se reinventa, a partir da ação de cada núcleo (não isoladamente, mas todos ao mesmo tempo), de cada indivíduo.
Nossa concepção não é composta pela divisão da sociedade em classes bipolares, que se esmagam eternamente durante a história; ou melhor, nossa proposta não limita a luta à vitória de um grupo sobre outro. Toda teoria tem seu valor e merece ser estudada e discutida, pois toda teoria traz benefícios imensuráveis à luta de todo movimento social. Entretanto, o MCI vem propor uma completa transformação da realidade a partir da revolucionária ideia de que as pessoas, como indivíduos integrantes da sociedade, têm cada uma seu papel de transformação, e esse potencial é aproveitado quando essas pessoas têm condições para perceber a si e o mundo à sua volta; quando têm condições para perceber o que é certo e o que é errado, não por esses conceitos serem ensinados ou estarem escritos em determinada obra, mas por todas essas pessoas serem capazes, por si só, de reconhecer certo e errado, bem e mal, justiça e injustiça.
O Movimento pela Cidadania Inclusiva, como outros presentes na história, é um movimento verdadeiramente revolucionário. Pode não ser um movimento anarquista ou marxista (embora todos tenham objetivos finais comuns, já que todos adotaram a posição de esquerda, já que todos buscam a igualdade, a justiça, a liberdade, a democracia, o fim de opressões...), mas é, como vários daqueles, um movimento revolucionário. A Revolução que propomos é dada no plano real, palpável, próximo e imediato. Os indivíduos como cidadãos, detentores de direitos e deveres, exercem um verdadeiro Poder Moderador (de forma diferente do que houve na História do Brasil: estamos reciclando essa expressão), na medida em que controla, pressiona, fiscaliza, proíbe e intima os governos, as assembleias e os magistrados. Ao mesmo tempo, exerce função de Poder Executivo popular, promovendo ações e deliberações que transformem o mundo imediatamente à sua volta. A Democracia participativa e direta, portanto, torna-se possível e muito próxima através da ação dos núcleos de base. Revolucionário, não?
Diferenças: o MCI surge da base e finca os dois pés nela. Não há cúpulas. Só há ação com núcleos ativos, e só há núcleos ativos se constituídos por indivíduos conscientes, capazes de pensar e agir de acordo princípios construídos a partir de suas próprias reflexões. Assim, enunciamos: o MCI não possui dogmas. Temos, sim, uma direção a seguir, um horizonte - o que não é equivalente a dizer que temos cláusulas pétrias, soberanas e irrevogáveis... o MCI, seus conceitos e ações, tudo é deliberado e posto em prática pelos núcleos, pelos cidadãos, de forma que a gestão desse Movimento é em essência e realmente democrática.
Em tese, o Cidadania Inclusiva pode parecer um movimento meramente idealista, ao ponto de ser ingênuo, e a prática será, de fato, árdua e possivelmente desestimulante. Novamente, esse é um grande desafio. Estamos aqui para transformar esse conceito, para estimular a luta pela conscientização e, mais que isso, pela ação transformadora da realidade social. Não praticamos a luta através de lobby, coalizões, convênios com instituições políticas (sejam essas instituições os três Poderes, os partidos políticos, os órgãos representativos de classes, as organizações privadas...), mas pela ação direta dos cidadãos unidos como cidadãos, insatisfeitos e dispostos a revolucionar o mundo em que vivem, por si só, como cidadãos.
Transformar paradigmas, revolucionar a realidade: princípios tão amplos e por vezes distantes, mas o Movimento pela Cidadania Inclusiva tem a intenção pura de não só aceitar os desafios que recebe diariamente, como também trazer novos desafios. É nesse recorte que convidamos todas as pessoas insatisfeitas a lutar conosco, transformar sua realidade e conquistar uma sociedade melhor para todos.
Talvez um texto tenha falhas, e por isso esperamos o seu contato, seja por email (cidadaniainclusiva@gmail.com), seja por comentários ao blog, seja (e preferimos assim) montando seu núcleo para refletir, discutir e transformar a sociedade!
Para a publicação deste texto, agradecemos as contribuições de Alexandre Branco Pereira (MCI/Distrito Federal), Bárbara Bastos Borges (Ribeirão Preto/SP) e Ricardo Takiguti Ribeiro (São Paulo/SP).

terça-feira, 14 de abril de 2009

Subsídio para discussão

Oi, pessoal! Nos últimos dias, o blog tem sido menos atualizado. Estamos construindo núcleos, ações, além de novas ideias para o Movimento, e tudo passará a ser amplamente transmitido por aqui.
Toda a concepção do MCI, além de objetivos consequentes, visa a estimular a discussão e o diálogo construtivo, muito necessários aos nossos objetivos. Nesse recorte, publicamos aqui um texto enviado por um amigo, Ricardo "Japa" Takiguti Ribeiro, que trata justamente de conflitos e contradições.
Ricardo é estudante de graduação em Ciências Sociais, na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, na capital paulista.
"genial, espero mesmo que sua descrição tenha sido o retrato do MCI, fiquei bastante interessado apesar de algumas reservas pessimistas... Mais sobre pensar um paradoxo da política de que a democracia elege as pessoas que entrarão em conflito sob a instituição Estado pra supostamente representar aquelas vontades que estão fora do nosso alcance na vida cotidiana. A idéia de que essa representação nunca é perfeita porque de tão dominados até o pescoço com a impossibilidade de nos realizar como sujeito autonomo, em que 99% da nossa vida acontece fora do nosso alcance da decisão, inclusive contra nós, nos conformamos e nos rendemos ao individualismo pra que nossa realidade carnal no mínimo não se dissolva antes de refletir sobre um ser monstruoso a ser reformulado levando em consideração a consciência do quanto estamos sendo vacinados ideologicamente pra nos tornarmos doentes na realidade vivida. Como já te disse pessoalmente, a experiência da realidade nunca é suficiente pra supormos que o objetivo que buscamos é válido, até porque o esclarecimento que culmina em convicção está fadado a se arrogar portador de uma vontade coletiva que se desmascara facilmente a partir dos critérios induzidos, os quais nos forçam a engolir como a vontade de que não estamos conscientes que possuímos. Não é convincente. A realidade é um substrato vazio regido pelo acaso de que tiramos impressões infinitas e diferenciadas sem que ela se apresente como algo que por si mesmo tem valor explicativo. Se essa consciência da contradição pretende se validar como privilegiada para que atribuamos à mesma a responsabilidade sobre a ação, tudo se sujeita ao desmoronamento, seja quando as supostas vontades organizadas se disferenciem quanto à forma da ação, revelando o quanto é inseparável do individualismo, seja quando tapa os ouvidos pra possíveis vontades alheias, reduzindo-as a uma irracionalidade e, assim, desorientando-se da responsabilidade que lhe foi atribuida. a esfera eleitoral que, como você disse, constrói a ação de cima pra baixo, do partido para os estudantes, confere ao partido um foco de motivação para a ação. Há uma agonia de viver em uma realidade em que a esfera do conflito nos foi reduzida até o ponto máximo da perda de sentido de nossa ação para a realização de um ser autêntico que almejamos, em que a ação se encadeia a infinitas coisas que se revertem contra nós depois de perdermos sua trajetória, que nos faz sentir impotentes de fato. Enfim, deveriam estas pessoas sensíveis ao núcleo duro da realidade aprender a tolerar o horror ao invés de incitar o combate em seus níveis mais impulsivos? com técnicas coercitivas sobre o reconhecimento da necessidade da ação por omissões e justificativas que só reafirmam uma informação vazia de sentido por si mesma, enfim, colocando os próprios preconceitos sob o pedestal máximo da razão ao tentar amplificar berros de agonia que não dizem nada sobre o que deve ser feito? resumindo, esse algo a ser feito deve ser negociado, sob a idéia de responsabilidade, (que, como vejo, além de forçar interpretações sobre o quão agonizante é a situação sem justificativas adequadas, tem um esclarecimento insuficiente pra levar em consideração o fato de o usufruto do bem comum ou público como eles mesmos dizem, interferir sob qualquer circunstância na vida de todos que dele se utilizam, tendo, portanto, todos responsabilidade sobre a forma de ação que deve ser engendrada, sem que ninguém monopolize a própria agonia como representante maxima da racionalidade de uma ação impulsiva), e não de conscientização sobre convicções próprias, espero ter deixado isso claro. Infelizmente estamos longe de ver no ME a possibilidade de alguém se sentir motivado por outra coisa que não seja o desespero pra agir politicamente ou interesses relacionados aos partidos, que colocam em risco a vontade alheia, que lida com calculos de vantagens e desvantagens sobre as situações não menos significativos. é isso, voltando ao MCI depois de ter viajado um pouco. Se eu não estivesse no 4o ano apostaria em possibilidades de iniciativas desse tipo entrarem pro ceupes. Pelo menos assim não pensariamos que o ceupes é o orgao representativo do movimento estudantil no curso (como muitos confundem), mas que lida com situações mais especificas aos próprios alunos tenham eles ou não vinculos com o ME, logo aos partidos e toda parafernália ideológica que nenhum estudante é obrigado a ter pra possuir interesses significativos sobre o prédio."
A discussão por ele proposta terá continuidade numa próxima postagem. Até lá, aguardamos seu comentário! Seja no blog ou por email (cidadaniainclusiva@gmail.com), envie sua contribuição!

sexta-feira, 10 de abril de 2009

Núcleo de São Paulo em ação!

Olá, galera! É com alegria que anunciamos o início do funcionamento do primeiro núcleo MCI de São Paulo! Para quem estiver por perto, fica o convite: a primeira reunião do núcleo ocorrerá hoje, 10/4/2009, a partir das 18h30, no Centro Cultural São Paulo (ao lado da entrada do Metrô Vergueiro). A pauta da reunião será composta por apresentação e integração dos participantes, tira-dúvidas e discussão sobre o MCI e definição de um plano para o núcleo.

Para mais informações, entre em contato por email (cidadaniainclusiva@gmail.com) ou telefone (11-9944-8661).

Numa próxima postagem do blog, falaremos sobre um tema recorrente em discussões sobre o Movimento: O MCI e a Revolução. Enquanto isso, comente, mande textos, perguntas, críticas, participe! E prevalece aqui o convite para conhecer nossa proposta de mudança e compor um núcleo de base! Até mais!

terça-feira, 7 de abril de 2009

Informe

Galera, gostaríamos de informá-los que logo um novo espaço virtual do MCI será disponibilizado a vocês. Estamos construindo o site do MCI para que se facilite o acesso à informação sobre o Movimento, a espaços de discussão política, debates sobre cultura, mídia, problemas comunitários locais, pautas nacionais e internacionais... enfim, diversas coisas que ajudarão a fomentar o debate em geral.
O blog não deixará de existir!!!
Inclusive, é previsto que, com o desenvolvimento de novos núcleos, como os de Ceilândia e São Paulo, nós criemos blogs próprios para eles, a fim de divulgar o que é discutido e decidido em cada núcleo. No site, teremos links para os blogs, sendo que este aqui permanecerá mais como um "tira-dúvidas" e também fomentador de discussão política.
Até a próxima postagem!
P.S.: Não sabemos se já perceberam, mas nos deixa muito satisfeitos que, com o surgimento do MCI, algumas pessoas, no esforço para entender seus mecanismos, têm debatido frequentemente como se deve estruturar um movimento social, e a nossa sociedade, por consequência. Vocês, que fazem isso, podem não estar em nenhum núcleo (esperamos que isso mude, claro), mas já estão fazendo toda a diferença, acreditem.

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Mais dúvidas

Olá, pessoal! Em alguns bate-papos, percebemos que alguns aspectos do Movimento pela Cidadania Inclusiva ainda não estão muito claros... isso nos faz repensar conceitos e discussões, o que é bom! Hoje, nossa postagem traz trechos de uma conversa entre Samuel Ralize de Godoy, do MCI, e Izabela Nalio, de São Paulo/SP. Alguns pontos foram esclarecidos. Vamos ver!

Izabela: Como a coisa vai funcionar na prática?
Samuel: Vamos à prática! Montamos o núcleo com tantas pessoas, e o núcleo se reúne. Definimos uma pauta para discussão: os efeitos da crise econômica, por exemplo. Para discutir, precisamos saber o que acontece: procuramos saber a respeito e determinamos o cenário. Tá, aí nós batemos aquele papo, diagnosticamos o cenário e suas consequências para a vida das pessoas...
Izabela: Tá, e agora, depois do papo?
Samuel: Discutindo, vemos que podemos fazer alguma coisa. Concluímos a discussão. Agora, depois do papo, vamos fazer o que discutimos, afinal, se é para discutir e só, não precisamos dos núcleos. O Congresso Nacional tá aí para isso, né? :P
Izabela: Você tem algum exemplo de como o MCI vai atuar?
Samuel: Exemplos... pressionar o Estado, atuar na promoção de cultura, infraestrutura, educação, saúde, consciência política, ambiental... vamos colocar a mão na massa. Ao mesmo tempo em que constituímos um verdadeiro Poder Moderador (a sociedade organizada discutindo e fiscalizando o governo, pressionando, participando e cobrando resultados), agimos como uma espécie de Executivo popular (a própria sociedade civil constrói e promove o que precisa, no dia a dia). É uma forma de atingirmos um horizonte de democracia participativa efetiva, sem influências partidárias.
Izabela: Já tem bastante gente?
Samuel: Em Ceilândia, no Distrito Federal, existe um núcleo operante e um outro em formação. Aqui em São Paulo, nosso núcleo tá pronto para começar, pequeno mas com indicativo de crescimento.
Izabela: Mas essa pressão que o MCI quer fazer... é de que forma?
Samuel: Pressão popular... seja de que forma ela se dê. Passeatas, manifestos, abaixo-assinados, mobilizações etc. Queremos convulsões sociais.
Izabela: E a conscientização do povo? Como vai acontecer?
Samuel: Núcleos de base e também a própria ação desses núcleos (mutirões, projetos culturais, tudo o que os núcleos construírem).
Izabela: Outras pessoas e eu estávamos receosas de que a coisa ficasse muito na teoria. Nós, os estudantes, a classe média, conscientizados e atuantes, mas e o resto?
Samuel: Não precisamos de mais teoria, de mais enrolação (risos)! Não queremos enrolação. A ideia é de que todos participem, essa é a proposta do MCI. Também não dividimos a sociedade entre estudantes, burgueses, proletários... estamos reunindo todos. Os núcleos são também uma tentativa de tornar real a democracia direta.

Essas perguntas e respostas reforçam o convite do MCI a todas as pessoas: venham refletir, discutir e agir em prol de todos! Vamos nós mesmos, cidadãos, fazer as mudanças necessárias para que obtenhamos condições de vida e democracia! Participe do MCI! Envie suas dúvidas, críticas e sugestões para nosso email (cidadaniainclusiva@gmail.com). E por que não montar um núcleo hoje mesmo? Até a próxima postagem! :D

domingo, 5 de abril de 2009

Primeiro núcleo formado! =)

Pessoal,

Eu, Alexandre Branco, membro do MCI de Brasília, gostaria de informar oficialmente a todos vocês a formação de nosso primeiro núcleo na cidade de Ceilândia, aqui no Distrito Federal. Na lógica de pequenos grupos, nosso núcleo por enquanto conta com 4 pessoas confirmadas, com possibilidades de crescimento e subdivisões.

Estamos em processo de formação de outro núcleo no "P norte", também em Ceilândia, com ajuda dos moradores da cidade. Além, claro, dos esforços de um dos fundadores, junto comigo, Samuel Ralize de Godoy, de montar um núcleo na cidade de São Paulo. Ao que tudo indica, tal núcleo de São Paulo está em processo avançado de estabelecimento.

Você também pode montar seu próprio núcleo! Para isso, basta juntar pessoas interessadas em discutir situações que afetem a comunidade e transformar a realidade. Depois, através do email cidadaniainclusiva@gmail.com, informe ao MCI que o núcleo for formado e está em funcionamento.

Informar o MCI não quer dizer que as pautas discutidas pelo núcleo serão controladas, mas servirá para articular as mobilizações quando elas precisarem se tornar nacionais; discutir assuntos que não sejam só locais; organizar, quando for necessário, as assembleias de núcleos, entre outras coisas.

Mais posts logo, logo!

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Os núcleos de base

Muito se falou aqui sobre como os movimentos sociais historicamente se hierarquizaram e verticalizaram; de como, num dado momento de consolidação (em alguns momentos da história, tal atitude até foi necessária para que tais movimentos não deixassem de existir) e especialmente em como, sob nosso ponto de vista, tal verticalização e hierarquização é uma das doenças a serem combatidas nos movimentos sociais a fim de devolver a esses movimentos a capacidade de reinventar e modificar a sociedade. Mas agora mostraremos o caminho das pedras: deixemos o poder das palavras vazias de lado e nos atenhamos àquelas com que possamos construir nosso caminho. Explicaremos detalhadamente agora a história dos movimentos sociais até então, passaremos à explicação do que são os núcleos de base e então chegaremos ao porque não podemos abrir mão deles para construirmos um movimento legítimo que, de fato, canalize as insatisfações sociais do povo brasileiro. O primeiro passo para mudar o mundo? Não tenha preguiça de ler!

Primeiramente, é importante esclarecer que pressão social não é o mesmo que movimento social atuante. Se fosse, creditaríamos eventos históricos como as Reformas Protestantes, as revoluções burguesas, os levantes estudantis alemães do século XIX à presença de movimentos sociais atuantes na sociedade, e não o são. As pressões sociais são movimentos espontâneos de uma sociedade que fazem convergir os interesses de diversos setores dessa sociedade. Elas surgem para pleitear uma demanda e, uma vez atingida, a pressão social tende a se dissolver, ao contrário dos movimentos sociais. Para os movimentos sociais verdadeiros, as demandas de uma sociedade (ou de um setor dessa sociedade) nunca cessam, sendo necessária uma constante pressão social para que essas demandas sejam atendidas sucessivamente. Vamos dar exemplos.

Comparemos, por exemplo, a pressão social feita pelo movimento Fora Collor! e o movimento estudantil como um todo. Em “condições normais de pressão e temperatura”, isto é, se desconsiderarmos a majestosa influência partidária que se fez sentir no evento do Fora Collor!, tal evento não foi um movimento social. Vários setores desorganizados da sociedade brasileira sentiram-se representados e agraciados por aqueles que se manifestavam nas ruas. Milhões de brasileiros sem vínculo algum com movimentos sociais atenderam ao chamado desses movimentos para sair de preto nas ruas, não porque acreditavam nas doutrinas daqueles partidos ou eram filiados àqueles sindicatos, militantes daqueles movimentos, etc., mas porque estavam, de fato, indignados com a postura do presidente e não estavam mais dispostos a tolerá-la.

Depois daquele episódio, provavelmente muitas pessoas não aderiram a partidos, passaram a contribuir com seus sindicatos, passaram a ir a assembléias, ou coisas do tipo. As pressões sociais têm essa característica de serem uma espécie de catarse social passageira. As pessoas não se tornaram mais politizadas por participarem do movimento Fora Collor!, era um momento especial em que diversos ingredientes se juntaram no Brasil e discutir política passou a não parecer mais tão chato.

Agora analisemos o movimento estudantil. Sempre reconhecidos como uma classe vanguardista, os estudantes se posicionaram de fato dessa forma (não se os olharmos com os olhos de hoje, claro, mas com os da época). O movimento estudantil surge nas universidades europeias do século XIX, com um mote majoritariamente liberal. No Brasil, a primeira vez que os estudantes se organizam como classe foi à época da fundação da União Nacional dos Estudantes – a UNE – em 1925. Até hoje permanece como a maior entidade representativa dos estudantes do Brasil. E reside aí a principal diferença entre pressão social e movimento social: mais que a capacidade de organização, é a garantia de que não será algo efêmero, passageiro. Falando assim parece um elogio à UNE, né? Então voltemos ao Fora Collor!

Lembra do cidadão comum que tomamos como exemplo? Aquele que foi às ruas de preto, que compartilhou daquele sentimento de asco quando soube das denúncias de corrupção e também do sentimento de vitória quando Collor foi tirado do cargo mesmo não sendo militante aguerrido de nenhum movimento social? É possível que ele tenha tido a poupança bloqueada pelo governo Collor, ou algum familiar dele pode ter perdido economias de uma vida com tal política. Mas eram milhões de pessoas nas ruas e, até onde os números e os estudos mostram, não era possível serem apenas os afetados pelas políticas de Collor. Porque, num simples exemplo, nos foi impossível chamar de volta essas pessoas às ruas em 2005, na crise do mensalão, quando a onda de indignação era exatamente a mesma?

A resposta, tal qual a pergunta, é simples. Eles não ficaram nos movimentos sociais porque não há políticas de inclusão nesses movimentos sociais. É interessantíssimo às pessoas que estão nos sindicatos, associações, uniões estudantis, fóruns deliberativos e quaisquer que sejam os nomes que se dão a esses movimentos, que as pessoas comuns só participem no momento de fazer a tal pressão social. Alguém já viu essa lógica em algum lugar?

Isso é o que comumente chamamos de formação de massas de manobra. É extremamente conveniente para as cúpulas dos movimentos sociais não ter essas pessoas fazendo parte permanentemente de seus quadros, assim não há, de fato, espaço para se questionar a forma como se dão as coisas no seu interior (e repetimos a pergunta: alguém já viu essa lógica em algum lugar?).

Bom, é aí que se posiciona o MCI. Tal prática só se repetirá nos movimentos sociais enquanto os movimentos sociais quiserem repetir uma lógica que não lhes é própria: o de evitar e inibir a participação. E essa lógica de evitar a participação nós conhecemos bem de onde vem.

Partido quer dizer parte. Num parlamento, numa assembleia, um conjunto de partes forma um todo. Mas e quando cada parte quer ter seu próprio movimento social, como uma carta na manga, pra ser utilizado em momentos difíceis? Nada mais acontece. Quando falha a via institucional, aí os partidos recorrem ao povo, criando a pressão social (isso quando eles conseguem, tamanho é o descrédito hoje em dia). Nós, do MCI, queremos sim tomar parte, mas uma parte só: estamos do lado da sociedade civil. Não pare de ler, garot@!

Pra estar do lado da sociedade civil, temos que representar seus segmentos, não controlá-los. E, por sua vez, sermos agentes de nossa própria história, não relegando nosso destino nas mãos de grupelhos que se consideram iluminados para tal função. Somos capazes, doutores. O povo é capaz.

Enfim, nesse momento você deve se perguntar como vamos fazê-lo. E a resposta, embora não seja exatamente uma inovação, é bastante atual: formando núcleos de base. Os núcleos de base são pequenas células básicas do MCI, formados por poucos membros e que se destina a discutir todo e qualquer assunto que afete coletivamente aquela comunidade ou a sociedade como um todo. Os núcleos possibilitam, por serem pequenos, uma discussão ampla e profunda; permitem, por não serem representativos, uma participação direta e, mais do que qualquer outro movimento já existente, os núcleos do MCI permitem um verdadeiro movimento de base e uma capilarização desse movimento. E você, que chegou ATÉ aqui, ainda tem dúvidas disso?

Sem os núcleos, o MCI não existe; mas sem a cúpula, sim. O sistema de decisões a nível macro é representativo, mas não nos moldes tradicionais. Cada núcleo tem seu representante, o que inibe a preponderância do núcleo da Asa Sul sobre o núcleo da Ceilândia. Perceberam a importância dos núcleos de base?

Já ultrapassamos o limite do aceitável, e acredito que até quem possa ter se interessado está cansado de ler. Mas deixemos claro novamente uma coisa: àqueles que se incomodaram com nossa análise do passado, comunique-nos. Àqueles que têm dúvidas, pergunte-nos. E especialmente àqueles que viram possíveis falhas futuras em nosso movimento, a esses fazemos um apelo especial: junte-se a nós. Sua dúvida, sua crítica, seu diálogo e até sua desesperança pode servir de adubo para que encontremos uma solução.

Num próximo post: como montar seu núcleo de base. Até lá!

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Dúvidas

Pessoal, estamos preparando uma cartilha detalhada sobre o Cidadania Inclusiva. Enquanto não a publicamos, algumas dúvidas surgem, o que é saudável. Vão aqui alguns esclarecimentos sobre pontos que geraram perguntas durante os últimos dias.

O MCI é uma entidade estudantil?

Não, o MCI é um movimento social amplo. Temos como faixa de atuação toda a sociedade civil organizada, ultrapassando os muros da escola e da universidade. Dessa forma, não temos o objetivo de concorrer com Grêmios Estudantis, Centros e Diretórios Acadêmicos, Diretórios Centrais ou Uniões Estudantis (nem mesmo disputar a gestão desses órgãos).

O MCI possui vínculos com algum partido político?

O MCI é um movimento social idealizado sobre o pilar do apartidarismo. Ou seja, nós não somos vinculados a quaisquer partidos políticos. Também não possuimos objetivos eleitoreiros, o que significa que não viemos concorrer com qualquer partido ou instituição equivalente. Também não temos a intenção de dissolver quaisquer partidos ou instituições políticas.

Qual é a posição do MCI, ideologicamente?

O Movimento pela Cidadania Inclusiva é um movimento social de esquerda. Nossos horizontes são a igualdade e a justiça social. (Trataremos dessa questão com aprofundamento noutros tópicos do blog e também na cartilha, a qual será publicada em breve.)

O que são os núcleos de discussão?

Grosso modo (trataremos com aprofundamento em tópicos próximos), núcleos de discussão são grupos formados por pessoas interessadas em discutir questões que afetam a vida de todos nós. Mais que isso, são grupos que, a partir da discussão (e da consequente conscientização), de fato têm o poder de fazer as transformações de que precisamos, e o fazem. O núcleo se reúne para discutir determinada questão, chega a uma resolução e determina o que é preciso para solucionar a questão. Depois, coloca em prática essa solução. Simples assim.

O que os núcleos de discussão podem abordar?

Os núcleos podem tratar de questões que afetam a realidade de todos nós. Alguns exemplos: educação, infraestrutura urbana, saúde pública, cultura, meio ambiente, economia, política, direitos humanos, violência, segurança pública e tantos outros incontáveis assuntos. O importante a observar é que os núcleos devem ultrapassar a discussão e partir para a ação, propriamente dita, que é a responsável pelas transformações esperadas.

É importante ressaltar uma característica do núcleo: ele é bem pequeno. Sendo assim, pode-se discutir de maneira profunda e extensa os problemas que afetam a base. É claro que os núcleos discutirão, vez em quando, questões nacionais. Mas, por estarem mais próximos da realidade local, ninguém melhor que eles para apontar falhas e soluções para sua realidade.

Esperamos que essas respostas sejam de ajuda para entender melhor um pouco da ideia do Cidadania Inclusiva. Não abordamos todas as questões, mas todas serão tratadas pelos próximos tópicos do blog. Deixe suas dúvidas, críticas, sugestões nos comentários, mande emails (cidadaniainclusiva@gmail.com). Participe! É ousar para vencer!

terça-feira, 31 de março de 2009

Provocação a vocês, enquanto a cartilha não vem.

Recebemos um email de Fernanda Martins, comentando o texto Ousar começar!, e decidimos publicá-lo aqui. Gostaríamos que ele servisse de provocação à vocês que devem estar nos acompanhando. Aí vai:

"(...)Mas gostaria de poder entender melhor o que isso significa. Se puder me mandar mais coisas, um pouco mais claras e explícitas, como por exemplo, como vocês pretendem levar esse movimento à "base" num país onde ainda poucos têm acesso à internet? Ou ainda, muitos ainda não lêem nem o nome do ônibus em que estão entrando? Não é uma alfinetada sutil, é uma provocação mesmo!! (...)
Fernanda"


Comentários, respostas à provocação? Em alguns dias publicaremos nossa resposta a esse email e também as respostas de pessoas que nos remeterem comentários. Lembraremos mais uma vez nosso email: cidadaniainclusiva@gmail.com. Estamos no aguardo, montem o debate!

segunda-feira, 30 de março de 2009

Em processo de desenvolvimento...

Sabemos que os acessos ainda estão esparsos nesse início de atividade do blog, mas gostaríamos de garantir a vocês que estamos já desenvolvendo os próximos posts. E já vamos liberar um release do que será trabalhado nos próximos textos: depois de alguns devaneios filosóficos, chegou a hora de botarmos no papel como imaginamos que se dará a estruturação do MCI. Teorizaremos para que possamos depois praticar essa estruturação, que é um dos principais diferenciais do movimento: os núcleos de base.


Lembrando sempre que qualquer pessoa que quiser remeter um texto para ser publicado e discutido aqui no blog, é só remeter para cidadaniainclusiva@gmail.com.


Juntem-se a nós!

Por uma democracia participativa - 2007

Galera, esse é um texto que um dos nossos membros escreveu em 2007. Reflete o que nós queremos em termos de participação política. Vai mais a título de esclarecimento.



Por uma democracia participativa
21-Nov-2007 - 01:03


O Tribunal Superior Eleitoral lançou, recentemente, uma ampla campanha de "conscientização" sobre a importância da participação e do engajamento da juventude no processo eleitoral. A campanha, suscitada por uma preocupação do tribunal relacionada ao baixo número de jovens de 16 e 17 anos que possuem o título de eleitor, tem como principal mote a frase: "Você sempre pôde dizer o que pensa. Mas, sem o título de eleitor, você não será ouvido". Esse lema, por melhor que seja a índole da campanha, é uma forma muito limitada de considerar os valores democráticos.

A democracia, como a conhecemos, tem sua origem nos EUA pós-independência. Escrita em 1787, a constituição estadunidense, inspirada em ideais iluministas, deu base e sustentação posteriores a todas as repúblicas democráticas ocidentais, com exceção à Inglaterra e Espanha, monarquias constitucionais, e à Rússia e os países do leste europeu, sob o jugo da ditadura soviética. Sendo assim, o Brasil se inclui nesse grupo ocidental que, embora tenha manchado sua história com ditaduras, moldou seu sistema político com base no dos EUA.

Após longos anos de ditadura, como aqueles que passamos, fica evidente a grandeza da conquista de um sistema institucional democrático, pluripartidário e representativo. Fortalecer nossas instituições democráticas, como o parlamento, o poder judiciário e o poder executivo são passos imprescindíveis a uma democracia relativamente jovem como a nossa. Porém, à medida que isso se torna passo dado na história do país, como estamos fazendo, é necessária uma requalificação e ampliação dessa idéia de democracia, para além das esferas institucionais/eleitorais.

A participação política, ao contrário do que é defendido pelo nosso Tribunal Superior Eleitoral em sua campanha, não se dá única e exclusivamente no âmbito eleitoral. Aderir incondicionalmente à campanha do TSE seria negar essa importante faceta da democracia, concordando, portanto, que somente seremos cidadãos (no caso, jovens) politicamente ativos e participantes se comungarmos do lado institucional da política.

Não devemos nos resumir em democracia eleitoral. Devemos recusar essa democracia meramente representativa, sistema com participação política limitada pregado pelo TSE, para nos alçarmos à democracia participativa, com ampla participação política. É evidente a importância da participação da sociedade como um todo no processo eleitoral, mas não podemos nos iludir com a falsa idéia de que só o sistema político-partidário institucional irá suprir as demandas da sociedade civil. É necessário que nos ergamos e participemos em fóruns extra-eleitorais, formemos associações, sindicatos, grêmios, uniões estudantis e tudo que nos foi garantido pela Carta Magna. Só assim, realmente, seremos ouvidos.

domingo, 29 de março de 2009

Ousar começar!

Inovações são frequentes e necessárias. Mas inovações não acontecem do dia pra noite e não chegam simplesmente do nada: inovações são construídas no dia a dia, ao contrário do que muitos pensam. E tais inovações são especialmente requisitadas em movimentos sociais, pois um setor que reivindica o posto de reinventor da sociedade tem que estar em constante reinvenção de si próprio.

A história nos mostra a gratidão que somos obrigados a ter com os movimentos sociais. Mudanças cruciais seriam impossíveis, ou pelo menos seriam adiadas em décadas, não fosse a intervenção pontual de pessoas comuns, como eu e você. Mas tal gratidão não é o suficiente para que nós perpetuemos o modelo de movimento que se pratica, como é o natural em qualquer outra esfera da sociedade.

Começamos nossa trajetória como militantes de Grêmio Estudantil. Temos, portanto, o movimento estudantil como nossa base de nascimento político. E aprendemos muito com isso. A maneira como as coisas se arquitetam dentro do movimento feito por estudantes, os secundaristas inclusive, já se fazem profissionalmente. Um reflexo daquilo que, para um certo período do movimento estudantil, foi essencial para sua sobrevivência, mas que agora engessa qualquer tipo de possibilidade real de mudança da realidade dos estudantes brasileiros.

Erguemos então, indignados com a situação aparelhada do movimento estudantil, uma proposta de revolução a ser implantadas pelos estudantes. Seria o Movimento Estudantil Livre. Explicamos.

O Movimento Estudantil Livre, ou MEL, seria um movimento livre das amarras partidárias, que identificávamos então como o principal câncer do movimento estudantil exatamente por impedir que o movimento se comprometesse com a classe para se comprometer com o partido, e planejava retomar as entidades históricas representativas dos estudantes (leia-se UNE e UBES) das mãos dos partidos e devolvê-las às mãos dos estudantes. Um movimento estudantil feito por estudantes e para estudantes.

Porém, houve um equívoco nosso. Talvez por falta de imaginação social, uma coisa bastante comum, começamos a erigir o movimento a partir da cúpula, e não da base. Nada nos diferenciava, portanto, daqueles que nós criticávamos, pois ambicionávamos um movimento de base. Tínhamos um diferencial que não era o suficiente ainda.

Passado um tempo de dúvidas teóricas, a resposta veio. Nosso movimento seria constituído por centenas, talvez milhares de núcleos de base, que discutiriam nossas posições, fariam com que nos tornássemos capilarizados na sociedade, politizaria as pessoas, levaria a decisão política da cúpula à base, da maneira como queríamos. Demoraria mais, mas essa era a verdadeira revolução que queríamos e necessária para tornar o movimento social novamente uma arma eficaz de luta nas mãos do povo brasileiro.

Além disso, não nos resumiríamos a discutir problemas de classe. Não segregaríamos setores da sociedade, pois tínhamos um objetivo maior: lutar contra a desigualdade social. Portanto, de Movimento Estudantil Livre, passamos para Movimento pela Cidadania Inclusiva.

E é com essa face que o MCI se apresenta hoje a vocês. Dessa vez de forma permanente, com as dúvidas sanadas e pronto para a ação. Somente um movimento capaz de reiventar a si mesmo tantas vezes é capaz de reinventar a sociedade da maneira mais profunda como ela precisa. E o que precisamos agora é de um movimento de base, capilarizado, que faz com que o poder de mudança esteja nas mãos da sociedade civil organizada, e não nas mãos das cúpulas partidárias; um movimento que lute por educação e saúde públicas de qualidade para toda a população, justiça social, politização e dignidade a uma população que está farta de ser fantoche de grandes pilantras poderosos. Levar cidadania a quem já se esqueceu o que significa essa palavra, ou, como é infelizmente recorrente em nosso país, nunca soube o que ela significou.

Renovar é preciso, e a vanguarda é o Movimento pela Cidadania Inclusiva. Junte-se a nós: cidadaniainclusiva@gmail.com.