terça-feira, 31 de março de 2009

Provocação a vocês, enquanto a cartilha não vem.

Recebemos um email de Fernanda Martins, comentando o texto Ousar começar!, e decidimos publicá-lo aqui. Gostaríamos que ele servisse de provocação à vocês que devem estar nos acompanhando. Aí vai:

"(...)Mas gostaria de poder entender melhor o que isso significa. Se puder me mandar mais coisas, um pouco mais claras e explícitas, como por exemplo, como vocês pretendem levar esse movimento à "base" num país onde ainda poucos têm acesso à internet? Ou ainda, muitos ainda não lêem nem o nome do ônibus em que estão entrando? Não é uma alfinetada sutil, é uma provocação mesmo!! (...)
Fernanda"


Comentários, respostas à provocação? Em alguns dias publicaremos nossa resposta a esse email e também as respostas de pessoas que nos remeterem comentários. Lembraremos mais uma vez nosso email: cidadaniainclusiva@gmail.com. Estamos no aguardo, montem o debate!

segunda-feira, 30 de março de 2009

Em processo de desenvolvimento...

Sabemos que os acessos ainda estão esparsos nesse início de atividade do blog, mas gostaríamos de garantir a vocês que estamos já desenvolvendo os próximos posts. E já vamos liberar um release do que será trabalhado nos próximos textos: depois de alguns devaneios filosóficos, chegou a hora de botarmos no papel como imaginamos que se dará a estruturação do MCI. Teorizaremos para que possamos depois praticar essa estruturação, que é um dos principais diferenciais do movimento: os núcleos de base.


Lembrando sempre que qualquer pessoa que quiser remeter um texto para ser publicado e discutido aqui no blog, é só remeter para cidadaniainclusiva@gmail.com.


Juntem-se a nós!

Por uma democracia participativa - 2007

Galera, esse é um texto que um dos nossos membros escreveu em 2007. Reflete o que nós queremos em termos de participação política. Vai mais a título de esclarecimento.



Por uma democracia participativa
21-Nov-2007 - 01:03


O Tribunal Superior Eleitoral lançou, recentemente, uma ampla campanha de "conscientização" sobre a importância da participação e do engajamento da juventude no processo eleitoral. A campanha, suscitada por uma preocupação do tribunal relacionada ao baixo número de jovens de 16 e 17 anos que possuem o título de eleitor, tem como principal mote a frase: "Você sempre pôde dizer o que pensa. Mas, sem o título de eleitor, você não será ouvido". Esse lema, por melhor que seja a índole da campanha, é uma forma muito limitada de considerar os valores democráticos.

A democracia, como a conhecemos, tem sua origem nos EUA pós-independência. Escrita em 1787, a constituição estadunidense, inspirada em ideais iluministas, deu base e sustentação posteriores a todas as repúblicas democráticas ocidentais, com exceção à Inglaterra e Espanha, monarquias constitucionais, e à Rússia e os países do leste europeu, sob o jugo da ditadura soviética. Sendo assim, o Brasil se inclui nesse grupo ocidental que, embora tenha manchado sua história com ditaduras, moldou seu sistema político com base no dos EUA.

Após longos anos de ditadura, como aqueles que passamos, fica evidente a grandeza da conquista de um sistema institucional democrático, pluripartidário e representativo. Fortalecer nossas instituições democráticas, como o parlamento, o poder judiciário e o poder executivo são passos imprescindíveis a uma democracia relativamente jovem como a nossa. Porém, à medida que isso se torna passo dado na história do país, como estamos fazendo, é necessária uma requalificação e ampliação dessa idéia de democracia, para além das esferas institucionais/eleitorais.

A participação política, ao contrário do que é defendido pelo nosso Tribunal Superior Eleitoral em sua campanha, não se dá única e exclusivamente no âmbito eleitoral. Aderir incondicionalmente à campanha do TSE seria negar essa importante faceta da democracia, concordando, portanto, que somente seremos cidadãos (no caso, jovens) politicamente ativos e participantes se comungarmos do lado institucional da política.

Não devemos nos resumir em democracia eleitoral. Devemos recusar essa democracia meramente representativa, sistema com participação política limitada pregado pelo TSE, para nos alçarmos à democracia participativa, com ampla participação política. É evidente a importância da participação da sociedade como um todo no processo eleitoral, mas não podemos nos iludir com a falsa idéia de que só o sistema político-partidário institucional irá suprir as demandas da sociedade civil. É necessário que nos ergamos e participemos em fóruns extra-eleitorais, formemos associações, sindicatos, grêmios, uniões estudantis e tudo que nos foi garantido pela Carta Magna. Só assim, realmente, seremos ouvidos.

domingo, 29 de março de 2009

Ousar começar!

Inovações são frequentes e necessárias. Mas inovações não acontecem do dia pra noite e não chegam simplesmente do nada: inovações são construídas no dia a dia, ao contrário do que muitos pensam. E tais inovações são especialmente requisitadas em movimentos sociais, pois um setor que reivindica o posto de reinventor da sociedade tem que estar em constante reinvenção de si próprio.

A história nos mostra a gratidão que somos obrigados a ter com os movimentos sociais. Mudanças cruciais seriam impossíveis, ou pelo menos seriam adiadas em décadas, não fosse a intervenção pontual de pessoas comuns, como eu e você. Mas tal gratidão não é o suficiente para que nós perpetuemos o modelo de movimento que se pratica, como é o natural em qualquer outra esfera da sociedade.

Começamos nossa trajetória como militantes de Grêmio Estudantil. Temos, portanto, o movimento estudantil como nossa base de nascimento político. E aprendemos muito com isso. A maneira como as coisas se arquitetam dentro do movimento feito por estudantes, os secundaristas inclusive, já se fazem profissionalmente. Um reflexo daquilo que, para um certo período do movimento estudantil, foi essencial para sua sobrevivência, mas que agora engessa qualquer tipo de possibilidade real de mudança da realidade dos estudantes brasileiros.

Erguemos então, indignados com a situação aparelhada do movimento estudantil, uma proposta de revolução a ser implantadas pelos estudantes. Seria o Movimento Estudantil Livre. Explicamos.

O Movimento Estudantil Livre, ou MEL, seria um movimento livre das amarras partidárias, que identificávamos então como o principal câncer do movimento estudantil exatamente por impedir que o movimento se comprometesse com a classe para se comprometer com o partido, e planejava retomar as entidades históricas representativas dos estudantes (leia-se UNE e UBES) das mãos dos partidos e devolvê-las às mãos dos estudantes. Um movimento estudantil feito por estudantes e para estudantes.

Porém, houve um equívoco nosso. Talvez por falta de imaginação social, uma coisa bastante comum, começamos a erigir o movimento a partir da cúpula, e não da base. Nada nos diferenciava, portanto, daqueles que nós criticávamos, pois ambicionávamos um movimento de base. Tínhamos um diferencial que não era o suficiente ainda.

Passado um tempo de dúvidas teóricas, a resposta veio. Nosso movimento seria constituído por centenas, talvez milhares de núcleos de base, que discutiriam nossas posições, fariam com que nos tornássemos capilarizados na sociedade, politizaria as pessoas, levaria a decisão política da cúpula à base, da maneira como queríamos. Demoraria mais, mas essa era a verdadeira revolução que queríamos e necessária para tornar o movimento social novamente uma arma eficaz de luta nas mãos do povo brasileiro.

Além disso, não nos resumiríamos a discutir problemas de classe. Não segregaríamos setores da sociedade, pois tínhamos um objetivo maior: lutar contra a desigualdade social. Portanto, de Movimento Estudantil Livre, passamos para Movimento pela Cidadania Inclusiva.

E é com essa face que o MCI se apresenta hoje a vocês. Dessa vez de forma permanente, com as dúvidas sanadas e pronto para a ação. Somente um movimento capaz de reiventar a si mesmo tantas vezes é capaz de reinventar a sociedade da maneira mais profunda como ela precisa. E o que precisamos agora é de um movimento de base, capilarizado, que faz com que o poder de mudança esteja nas mãos da sociedade civil organizada, e não nas mãos das cúpulas partidárias; um movimento que lute por educação e saúde públicas de qualidade para toda a população, justiça social, politização e dignidade a uma população que está farta de ser fantoche de grandes pilantras poderosos. Levar cidadania a quem já se esqueceu o que significa essa palavra, ou, como é infelizmente recorrente em nosso país, nunca soube o que ela significou.

Renovar é preciso, e a vanguarda é o Movimento pela Cidadania Inclusiva. Junte-se a nós: cidadaniainclusiva@gmail.com.