domingo, 29 de março de 2009

Ousar começar!

Inovações são frequentes e necessárias. Mas inovações não acontecem do dia pra noite e não chegam simplesmente do nada: inovações são construídas no dia a dia, ao contrário do que muitos pensam. E tais inovações são especialmente requisitadas em movimentos sociais, pois um setor que reivindica o posto de reinventor da sociedade tem que estar em constante reinvenção de si próprio.

A história nos mostra a gratidão que somos obrigados a ter com os movimentos sociais. Mudanças cruciais seriam impossíveis, ou pelo menos seriam adiadas em décadas, não fosse a intervenção pontual de pessoas comuns, como eu e você. Mas tal gratidão não é o suficiente para que nós perpetuemos o modelo de movimento que se pratica, como é o natural em qualquer outra esfera da sociedade.

Começamos nossa trajetória como militantes de Grêmio Estudantil. Temos, portanto, o movimento estudantil como nossa base de nascimento político. E aprendemos muito com isso. A maneira como as coisas se arquitetam dentro do movimento feito por estudantes, os secundaristas inclusive, já se fazem profissionalmente. Um reflexo daquilo que, para um certo período do movimento estudantil, foi essencial para sua sobrevivência, mas que agora engessa qualquer tipo de possibilidade real de mudança da realidade dos estudantes brasileiros.

Erguemos então, indignados com a situação aparelhada do movimento estudantil, uma proposta de revolução a ser implantadas pelos estudantes. Seria o Movimento Estudantil Livre. Explicamos.

O Movimento Estudantil Livre, ou MEL, seria um movimento livre das amarras partidárias, que identificávamos então como o principal câncer do movimento estudantil exatamente por impedir que o movimento se comprometesse com a classe para se comprometer com o partido, e planejava retomar as entidades históricas representativas dos estudantes (leia-se UNE e UBES) das mãos dos partidos e devolvê-las às mãos dos estudantes. Um movimento estudantil feito por estudantes e para estudantes.

Porém, houve um equívoco nosso. Talvez por falta de imaginação social, uma coisa bastante comum, começamos a erigir o movimento a partir da cúpula, e não da base. Nada nos diferenciava, portanto, daqueles que nós criticávamos, pois ambicionávamos um movimento de base. Tínhamos um diferencial que não era o suficiente ainda.

Passado um tempo de dúvidas teóricas, a resposta veio. Nosso movimento seria constituído por centenas, talvez milhares de núcleos de base, que discutiriam nossas posições, fariam com que nos tornássemos capilarizados na sociedade, politizaria as pessoas, levaria a decisão política da cúpula à base, da maneira como queríamos. Demoraria mais, mas essa era a verdadeira revolução que queríamos e necessária para tornar o movimento social novamente uma arma eficaz de luta nas mãos do povo brasileiro.

Além disso, não nos resumiríamos a discutir problemas de classe. Não segregaríamos setores da sociedade, pois tínhamos um objetivo maior: lutar contra a desigualdade social. Portanto, de Movimento Estudantil Livre, passamos para Movimento pela Cidadania Inclusiva.

E é com essa face que o MCI se apresenta hoje a vocês. Dessa vez de forma permanente, com as dúvidas sanadas e pronto para a ação. Somente um movimento capaz de reiventar a si mesmo tantas vezes é capaz de reinventar a sociedade da maneira mais profunda como ela precisa. E o que precisamos agora é de um movimento de base, capilarizado, que faz com que o poder de mudança esteja nas mãos da sociedade civil organizada, e não nas mãos das cúpulas partidárias; um movimento que lute por educação e saúde públicas de qualidade para toda a população, justiça social, politização e dignidade a uma população que está farta de ser fantoche de grandes pilantras poderosos. Levar cidadania a quem já se esqueceu o que significa essa palavra, ou, como é infelizmente recorrente em nosso país, nunca soube o que ela significou.

Renovar é preciso, e a vanguarda é o Movimento pela Cidadania Inclusiva. Junte-se a nós: cidadaniainclusiva@gmail.com.

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