quinta-feira, 16 de abril de 2009

O MCI e a Revolução

Saudações! Desde que nosso blog entrou em operação, além, é claro, do próprio Movimento pela Cidadania Inclusiva, enunciamos princípios e ideais que, frequentemente, trouxeram novos debates, novas discussões, novas reflexões. Essa é nossa primeira vitória. Mas um movimento que procura, o tempo todo, reinventar a si mesmo e à sociedade, tem a necessidade de esclarecer sua posição política, ideológica e palpável no mundo.
Com o objetivo de trazer esses esclarecimentos e novos debates, e apoiados nos tópicos até agora tratados, tanto no blog, quanto através de emails e discussões desenvolvidas pelos núcleos de base já ativos, publicamos agora este texto, buscando tornar mais concreta uma ideia que, para muitos de nós, tem parecido muito abstrata ou mesmo indefinida.
Construir um movimento social requer, ao menos, uma prerrogativa: estar insatisfeito com algo. E estar insatisfeito com algo é marcar uma posição. Nossa epígrafe anuncia o caráter do Movimento, um movimento social de esquerda, que se alinha aos ideais de equidade, justiça social e democracia. Contudo, qual movimento, qual partido, qual união de classe não proclama as mesmas ideias, os mesmos horizontes? Qual movimento social de esquerda não propõe a Revolução?
Esse é o momento de definir o MCI e seu modo de ação. Somos um movimento de esquerda (uma esquerda que se definiu por suas insatisfações e por seus ideais, sem a ideia de segregação, divisão da sociedade ou mesmo anomia), que pretende se erguer a partir da base, sem queimar etapas. Núcleo a núcleo, sendo cada um destes formado por indivíduos (e nunca negando isso), valorizando a contribuição de cada indivíduo para seu núcleo e de cada núcleo para o conjunto destes, evitamos a tentativa (tão comum a vários movimentos sociais) de compor, de imediato, um coletivo forte.
Pouco a pouco, portanto, com núcleos crescendo e atuando, o Movimento se contrói. Muito mais fácil perder o entusiasmo e a esperança, não? Esse é um dos maiores desafios que se impõem ao MCI: manter a luta.
E propomos uma Revolução. Não um evento pontual, mas um processo incessante que, dia a dia, a partir da ação de cada núcleo em cada localidade, transforme a realidade em seus mais diversos aspectos (a economia, o meio ambiente, a educação, a cultura, a política...), pois entendemos a Revolução Social não como uma substituição de um modelo político-econômico por outro em dado momento: a Revolução Social que propomos é uma completa e incessante reinvenção do que se entende por sociedade. Toda a política, toda a economia, toda a cultura se transforma, se refaz, se reconstrói, se reinventa, a partir da ação de cada núcleo (não isoladamente, mas todos ao mesmo tempo), de cada indivíduo.
Nossa concepção não é composta pela divisão da sociedade em classes bipolares, que se esmagam eternamente durante a história; ou melhor, nossa proposta não limita a luta à vitória de um grupo sobre outro. Toda teoria tem seu valor e merece ser estudada e discutida, pois toda teoria traz benefícios imensuráveis à luta de todo movimento social. Entretanto, o MCI vem propor uma completa transformação da realidade a partir da revolucionária ideia de que as pessoas, como indivíduos integrantes da sociedade, têm cada uma seu papel de transformação, e esse potencial é aproveitado quando essas pessoas têm condições para perceber a si e o mundo à sua volta; quando têm condições para perceber o que é certo e o que é errado, não por esses conceitos serem ensinados ou estarem escritos em determinada obra, mas por todas essas pessoas serem capazes, por si só, de reconhecer certo e errado, bem e mal, justiça e injustiça.
O Movimento pela Cidadania Inclusiva, como outros presentes na história, é um movimento verdadeiramente revolucionário. Pode não ser um movimento anarquista ou marxista (embora todos tenham objetivos finais comuns, já que todos adotaram a posição de esquerda, já que todos buscam a igualdade, a justiça, a liberdade, a democracia, o fim de opressões...), mas é, como vários daqueles, um movimento revolucionário. A Revolução que propomos é dada no plano real, palpável, próximo e imediato. Os indivíduos como cidadãos, detentores de direitos e deveres, exercem um verdadeiro Poder Moderador (de forma diferente do que houve na História do Brasil: estamos reciclando essa expressão), na medida em que controla, pressiona, fiscaliza, proíbe e intima os governos, as assembleias e os magistrados. Ao mesmo tempo, exerce função de Poder Executivo popular, promovendo ações e deliberações que transformem o mundo imediatamente à sua volta. A Democracia participativa e direta, portanto, torna-se possível e muito próxima através da ação dos núcleos de base. Revolucionário, não?
Diferenças: o MCI surge da base e finca os dois pés nela. Não há cúpulas. Só há ação com núcleos ativos, e só há núcleos ativos se constituídos por indivíduos conscientes, capazes de pensar e agir de acordo princípios construídos a partir de suas próprias reflexões. Assim, enunciamos: o MCI não possui dogmas. Temos, sim, uma direção a seguir, um horizonte - o que não é equivalente a dizer que temos cláusulas pétrias, soberanas e irrevogáveis... o MCI, seus conceitos e ações, tudo é deliberado e posto em prática pelos núcleos, pelos cidadãos, de forma que a gestão desse Movimento é em essência e realmente democrática.
Em tese, o Cidadania Inclusiva pode parecer um movimento meramente idealista, ao ponto de ser ingênuo, e a prática será, de fato, árdua e possivelmente desestimulante. Novamente, esse é um grande desafio. Estamos aqui para transformar esse conceito, para estimular a luta pela conscientização e, mais que isso, pela ação transformadora da realidade social. Não praticamos a luta através de lobby, coalizões, convênios com instituições políticas (sejam essas instituições os três Poderes, os partidos políticos, os órgãos representativos de classes, as organizações privadas...), mas pela ação direta dos cidadãos unidos como cidadãos, insatisfeitos e dispostos a revolucionar o mundo em que vivem, por si só, como cidadãos.
Transformar paradigmas, revolucionar a realidade: princípios tão amplos e por vezes distantes, mas o Movimento pela Cidadania Inclusiva tem a intenção pura de não só aceitar os desafios que recebe diariamente, como também trazer novos desafios. É nesse recorte que convidamos todas as pessoas insatisfeitas a lutar conosco, transformar sua realidade e conquistar uma sociedade melhor para todos.
Talvez um texto tenha falhas, e por isso esperamos o seu contato, seja por email (cidadaniainclusiva@gmail.com), seja por comentários ao blog, seja (e preferimos assim) montando seu núcleo para refletir, discutir e transformar a sociedade!
Para a publicação deste texto, agradecemos as contribuições de Alexandre Branco Pereira (MCI/Distrito Federal), Bárbara Bastos Borges (Ribeirão Preto/SP) e Ricardo Takiguti Ribeiro (São Paulo/SP).

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